quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Operando as próprias emoções: O caminho do sucesso na Bolsa de Valores.



O fator determinante para o sucesso nas operações de bolsa de valores não é o tamanho do seu capital nem a situação econômica, mas sim a sua mente, suas decisões e o desenvolvimento de padrões comportamentais que podem levar ao sucesso ou ao fracasso. Nos próximos textos vamos falar daqueles comportamentos que podem lhe desviar facilmente do caminho do êxito, pois tão logo o novo investidor aprende os princípios básicos do mercado de ações e começa a fazer mais operações as “fraquezas” psicológicas começam a se manifestar. Como as operações de mercado acionário são velozes e sujeitas a flutuações muitas vezes imprevisíveis é importante que o operador se adapte também rapidamente aos novos cenários. E é aí que aparecem os comportamentos inadaptativos, sobre os quais estudaremos. (Leia ou releia também no blog o texto: Desvio de rota: Tempestade à frente).

Para minimizar ao máximo a possibilidade de grandes perdas vamos citar três tipos de padrões de comportamento que devem ser observados e se necessário, controlados, sob pena de fracasso nas operações de bolsa.

O primeiro deles é ganância excessiva, que é a tendência infantil a desejar sempre o máximo do ganho teoricamente possível no futuro em vez daquele que pode ser menor, mas passível de realização no momento atual e com segurança. Em geral este padrão se manifesta quando o indivíduo não sabe sair do mercado no momento em que está lucrando, pensando que, se ficar mais algum tempo, aumentará os seus ganhos. Como fica além do planejado (se é que foi planejado), acaba sendo atingido por quedas fortes e rápidas. Como em geral não usa stops, pois não suporta perder, os prejuízos são ainda maiores. Da mesma forma, quando os preços caem, fica esperando quedas cada vez mais profundas e acaba perdendo a reversão, vendo o mercado estabelecer novas altas, sem ter comprado nada. A solução para este padrão é planejar as entradas e saídas da melhor forma possível, usar stops e cumprir o seu planejamento, com atitude mental de despreocupação: se ganhou menos do que poderia, ótimo, melhor será na próxima. Se você tornar esta forma de agir regular e consistente, estará à frente de um número enorme de investidores.

O segundo é o medo de agir. O medo pode se tornar paralisante, congelando o investidor numa atitude de espera ansiosa por condições melhores que podem ser pura fantasia. Após algumas perdas o novo investidor fica hesitante no momento de entrar no mercado, vai atrás de opiniões alheias para confirmar o seu julgamento e aguarda, esperando o momento perfeito em que terá todas as certezas sobre o lucro esperado. É claro que isto é o oposto do investimento em bolsa, que tem no risco a sua maior definição.

Esperando, analisando e hesitando, acaba perdendo o melhor momento e após ver, passivamente, os preços subindo muito, então toma a sua decisão de entrada. Mas aí já é tarde e em geral o mercado já está revertendo e vem o prejuízo, que será maior, pois ficará indeciso para vender com pequeno prejuízo.

A forma de dominar estas reações de medo é buscar operar quantias menores, bem menores, por algum tempo. Valores que, caso haja prejuízo, seja pequeno. Somente após muitas operações de sucesso com pequenos valores o investidor começará a descondicionar suas respostas de medo e poderá, aos poucos, aumentar as operações.

O terceiro padrão comportamental é o da compulsão. É o pior de todos, pois desenvolve o comportamento de "jogador". A compulsão é uma vontade irresistível de negociar sempre, em valores substanciais, nos limites do crédito e sempre esperando que uma maré de boa sorte, em geral uma forte alta, lhe favoreça. O mercado de opções é o um local atraente para estes “investidores” tentarem suas grandes jogadas e em geral ali perdem todo o seu capital.

Sintomas comuns de compulsão na Bolsa são ansiedade, alterações rápidas de humor entre a euforia e a tristeza e a incapacidade de se manter afastado da atividade. Outro sintoma observado é omitir resultados ruins e ter cartões de crédito "estourados" sem razão aparente. Em geral o “jogador” esconde os seus grandes prejuízos por muito tempo e só são descobertos quando afetam de forma irreversível o patrimônio da família.Quem tiver qualquer dúvida sobre se está operando compulsivamente faça um teste simples: Experimente ficar 15 dias afastado dos mercados, sem operar e sem nem mesmo acompanhar as notícias. Se você conseguir ficar de fora com tranqüilidade e com pequena ou nenhuma ansiedade, então você está bem. Caso seja impossível controlar a tensão e ansiedade a solução pode ser procurar ajuda com profissional da área de saúde psicológica. É possível tratar a compulsão e evitar prejuízos enormes. Com tratamento adequado o indivíduo compulsivo pode se tornar um excelente operador.

Estas são informações básicas e introdutórias sobre o assunto. A psicologia do investidor é um campo de estudo científico complexo e muito novo. O que precisamos deixar claro é que investir é algo que deve ser integrado a um projeto de qualidade de vida. Operar nos mercados deve ser algo prazeroso e construtivo para sua vida e sua família. Para alcançar este objetivo você deve conhecer a si mesmo e estar disposto a se aprimorar constantemente. Isto implica em desenvolver uma personalidade de investidor forte e flexível, focando no aprimoramento das qualidades de autocontrole, coragem, determinação e força de recuperação.

As duas medidas mais importantes do sucesso de um investidor são o aumento do seu patrimônio e o uso eficiente destes lucros transformados em bem estar social e qualidade de vida para si mesmo e para sua comunidade. Isto é sucesso, é viver bem. O contrário, ganhar dinheiro apenas pelo dinheiro é como um filme velho e ruim que já assistimos e não desejamos ver nunca mais. Um enredo cheio de atores canastrões e personagens fracos que sempre termina em finais parecidos: Estouro de “bolhas” financeiras, crises mundiais e longas recuperações pagas pelo dinheiro público. O mundo está mudando, a ética precisa retornar aos mercados financeiros para o bem geral, ou será que estou errado?

Sucesso.

Paulo Denega

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